Consumo consciente é fator fundamental na luta contra a poluição ambiental
A moda e sua transformação constante ditam tendências e influenciam milhares de pessoas ao redor do mundo. O consumo acelerado e a busca por novidades exigem das indústrias uma produção rápida e eficiente.
O Fast Fashion, conhecido pela produção em massa e com preços acessíveis, ganhou espaço com tantos e-commerces e promoções atrativas. A facilidade de abrir um aplicativo, escolher a peça, a cor, o tamanho e receber o produto no conforto de casa atraiu milhares de compradores. No entanto, o que não vemos é o que existe por trás dessa produção frenética. A indústria da moda é a segunda mais poluente do mundo, ficando atrás somente da indústria petrolífera.
Diante das emergências climáticas, a tecnologia, aliada à falta de conscientização se tornou um problema. De acordo com um levantamento de 2022 da Global Fashion Agenda, mais de 92 milhões de toneladas de resíduos têxteis foram descartadas nos últimos anos, com projeção de aumento de 60% até 2030. Além do descarte de resíduos, a emissão de carbono, o desmatamento, uso excessivo de recursos hídricos, utilização e transporte de agrotóxicos são outros grandes vilões da indústria da moda.
É necessário repensar a moda atual, sem trocar de cores e peças a cada ano. Comprar peças de qualidade e conservar de forma correta pode ajudar na preservação do meio ambiente.
Confira a seguir algumas dicas de como manter suas peças sempre novas e renovar o guarda-roupas de forma consciente.
Cuidados com a higienização
Lavar as roupas em lavanderia especializada pode aumentar a durabilidade das peças por dois fatores básicos: o uso de produtos específicos para cada tipo de tecido e a higienização correta. “É muito importante que as peças tenham etiqueta para que possamos fazer a higienização adequada. Sem elas, não há garantia alguma, pois cada tecido exige um cuidado diferente. Levantamentos indicam que esses cuidados aumentam em até sete vezes a durabilidade das peças”, explica Birgit Marsili, proprietária da Lavoutique Lavanderia & Costura, de Curitiba.
Birgit, além de investir em produtos especializados e apostar em máquinas de lavar de última geração, que diminuem o consumo de água, adotou outras medidas de apoio ao meio ambiente. A Lavoutique utiliza cabides de materiais reciclados e, quando o cliente devolve o item, recebe créditos para usar nos próximos serviços, diminuindo o lixo descartado no meio ambiente. O uso de energia renovável também foi adotado pela empresa. Uma fonte limpa, não poluente, silenciosa e de baixo custo.
A oficina de costura da Lavoutique é outra opção para evitar desperdício. Além de pequenos reparos, é possível ajustar peças que estão largas ou compridas, customizar para dar uma nova cara para aquela roupa especial, além das trocas de zíperes e botões. O conserto de roupas, além de econômica, evita a produção e a compra desnecessária de novos itens
“Precisamos realmente cuidar do nosso meio ambiente e deixar para as futuras gerações um mundo melhor. Essas práticas sustentáveis são importantes para a empresa, mas também para a gente conscientizar toda a população”, afirma Birgit.
Consumo consciente
Aline Andreazza Bussi, representante do Movimento Fashion Revolution em Curitiba, um movimento global que atua na promoção de mudanças para que a moda conserve e restaure o meio ambiente, alerta para o consumo exagerado. “Mais do que se preocupar em consumir conscientemente e de acordo com as tendências, acredito que é necessário refletir sobre a necessidade de consumir. As tendências que alimentam a moda, buscam despertar o desejo pelo consumo imediato, por isso, no movimento defendemos atitudes mais responsáveis”, afirma.
Algumas questões antes da compra são importantes no momento da tomada de decisão, como, por exemplo:
Antes de comprar, pergunte e reflita: Eu preciso dessa roupa? Posso alugar essa roupa ou comprar em um brechó?
Descubra as histórias por trás das roupas: Confira a etiqueta da sua roupa e procure saber de que material e onde ela foi feita.
Compre de quem faz: Apoie o comércio local e a moda nacional, optando por produtos feitos sob encomenda sempre que possível.
“Cada um de nós tem o poder, como cidadãos, de transformar o sistema de produção e consumo de moda. Não conseguiremos fazer tudo, mas precisamos que todos façam algo”, argumenta Aline.
Sustentabilidade: Economia circular
A economia circular nasce da proposta de não se extrair recursos do planeta, mas aproveitar os produtos e materiais que já estão em circulação. A reciclagem é um dos caminhos mais conhecidos e a compra de roupas e sapatos “second hand” está cada vez mais em alta.
Segundo dados apresentados pelo Sebrae no início de 2023, o Brasil abrigava 118.778 brechós em plena operação. Isso demonstra um notável crescimento de 30,97% ao longo dos últimos cinco anos.
Ale Oenning, proprietária da Le Blanc Brechó, oferece peças com marcas premium. Além de selecionar criteriosamente cada peça, todos os itens passam por higienização em lavanderia especializada, ficando prontos para consumo logo após a limpeza. Os cuidados com as peças atraem cada vez mais novos consumidores.
“Está se criando uma cultura muito mais consciente nos últimos anos e a adesão é cada vez maior. Nossa loja conta com uma estrutura de “boutique” e contamos com mais um diferencial de Visual Merchandising quinzenalmente para mantermos a melhor experiência em Second Hand”, conta a empresária. Que tal embarcar nessa onda verde você também? O planeta, o bolso e o closet agradecem.