O mercado brasileiro de milho deverá manter seus preços fortes e remuneradores durante todo o ano de 2020, segundo avalia o analista Roberto Carlos Rafael, da Germinar Corretora. Os estoques baixos e a demanda firme – tanto no consumo interno, quanto para exportação – deverão ser os dois principais fatores de sustentação dos valores.

Rafael explica ainda que, nos últimos dias, o mercado viu a oferta aumentar um pouco no Brasil com alguns produtores vindo a mercado diante das preocupações com as notícias internacionais que promoveram intensas reações mundo a fora.

“Acredito que havia alguns produtores que precisavam abrir espaço em função da colheita da soja e teve também aquele produtor que ficou preocupado com essa dinâmica do que poderia acontecer no consumo mundial em função do coronavírus”, diz. “Mas quem vendeu nesse período pegou os melhores momentos da safra agrícola, e ainda temos um preço muito bom para o produtor”, completa.

As perspectivas fortes para as exportações brasileiras de carnes – suína, de frango e bovina – fortalecem ainda mais as projeções de um consumo interno agressivo, necessitado de mais matéria-prima e, por isso, ainda como explica o analista, os compradores por aqui terão de pagar melhor do que a exportação para garantir seu produto. A China, um dos principais compradores das proteínas nacionais, continuarão a demandar mais, especialmente frente aos atuais problemas como a Peste Suína Africana, a Gripe Aviária, e o coronavírus.

Afinal, as expectativas são de que o Brasil exporte algo entre 34 e 37 milhões de toneladas neste ano, com potencial até mesmo para alcançar, novamente, a casa dos 40 milhões de toneladas, como aconteceu em 2019. E essa projeção positiva para o milho brasileiro se dá diante de uma combinação de fatores que contempla preços mais competitivos, relações comerciais que favorecem o Brasil e um produto de melhor qualidade se comparado ao dos principais concorrentes.

“Acho que falta de produto não teremos. Acho que o mercado vai se ajustando, percebendo onde estão essas revisões nas exportação e o mercado interno tem que pagar mais e retém o produto. Mas estamos falando de um cenário onde tudo corra bem, mas temos ainda a safra americana por acontecer e a safrinha brasileira por acontecer”, alerta Rafael.

Dessa forma, o analista afirma que este pode ser um momento interessante para vendas da safra de verão por parte dos produtores brasileiros – frente aos atuais e remuneradores patamares de preços. “É um preço firme durante a colheita da safra”, diz. Já para quem está focado na safrinha, “produza o que puder porque teremos preços remuneradores e o que for produzido vai sair na exportação”, complementa, dizendo que as referências nos portos ainda oscilam entre R$ 41,00 e R$ 42,00 por saca.

Fonte: Carla Mendes – Notícias Agrícolas / Foto: Pixabay